Efeméride de sd-06-1867

Descrição
"Num dos últimos dias deste mês espalhou-se a notícia de que na ermida da Penha aparecera um cadáver, enterrado há muito tempo, em bom estado de conservação. O povo logo quis ver a relíquia de um Santo e alguns afiançavam ter presenciado factos miraculosos; sabia que era um Frade da Costa e o seu nome. O povo corria em multidões a admirar o prodígio e a untar-se com um fragmento da relíquia. Concorreram os zeladores da ermida, estando muito povo, os Padres António Ferreira de Abreu e Domingos Ribeiro Dias quando chegaram viram exaltados os ânimos por estar fechada a ermida, trataram de convencer o povo, de que os deixasse irem sós à ermida para averiguarem, por a ermida comportar pouca gente, o que conseguiram e trouxeram-lhe uma ossada descarnada, dizendo-lhe que não havia razão para que a ossada fosse de Santo, porque tanto o podia ser, como a de qualquer indívíduo. O povo grita: maroteira! tratantada! esconderam-no e mostram agora uns ossos que trouxeram para isto. Não o despersuadiram ainda depois de lhe mostrarem todos os escaninhos da ermida e da casa, de que não havia ali um Santo". - Isto é o relato do jornal "Religião e Pátria", de cuja redacção faziam parte os ditos Padres, que historía a seu bel-prazer. Eles Padres e outros zeladores estavam lá e bem sabiam o que haviam feito, que: era uma pequena cova aberta à porta da sacristia com uns ossos humanos que o povo dizia queriam atribuir serem de Frei Guilherme, iniciador e instalador da ermida, a quem chamava Santo, mas convencido que foi o 1º dos Padres que os trouxe da igreja de S. Francisco. Terminaram esta farsa eclesiástica, vindo o povo em selvajaria a jogar com pontapés os ossos pelo monte abaixo, desrespeitando-os; sendo a caveira achada pelos anos de 1928 pouco abaixo do 1º Passo subindo, debaixo de alguma terra, quando aí abriram covas para arvoredo.
Data
junho 1867
Conjuntos de itens
Efemérides Vimaranenses