De Proprietatibus rerum
De las propriedades de las cosas
Bartholomaeus Anglicus, ?-ca. 1360
Esta obra existente na Biblioteca Pública de Braga (BPB) é um incunábulo de 1494, isto é, uma edição dos primórdios da imprensa no mundo ocidental, realizada em Toulouse, por Henricus Mayer. Encontra-se na coleção de incunábulos da instituição, com a cota Inc. 31, faltando-lhe a folha de título.
Corresponde a uma tradução espanhola, realizada por Vicente de Burgos, da obra original (séc. XIII), da autoria de Bartholomaeus Anglicus, [?-ca. 1360] . Foi impressa em formato - in folio (ou in 2º), o maior da tipografia na época e que corresponde a uma folha de papel dobrada apenas ao meio. Este formato é muito comum em obras das origens da imprensa, as quais tendem a reproduzir os grandes formatos dos manuscritos.
No prólogo da obra o autor declara que o seu propósito é servir como guia para o mundo. Sendo uma edição voltada especificamente para os estudantes da Bíblia, na qual enfatiza repetidamente a importância de compreender o Criador por meio da criação; a ascese espiritual alcançável pela contemplação das coisas deste mundo; e a utilidade do livro para estudar as Escrituras. Assim, depois de três livros sobre Deus, anjos e a alma, a obra concentra-se no mundo natural, reiterando assuntos presentes noutras enciclopédias que a precederam, como a Isidore of Seville’s Etymologiae (concluída em 636) e a Naturalis historia de Plínio [1].
Usada inicialmente como um recurso do qual os pregadores extraíram exemplos moralizados do mundo natural, no século XIV a XVII serviu sobretudo como um repositório de filosofia e história natural. As traduções medievais desta obra foram feitas em francês (anglo-normando, continental e provençal), italiano, espanhol, inglês e holandês. Existem, para a maioria destas traduções, edições impressas pré-modernas [2] .
A inexistência de glosas marginais nos manuscritos latinos mais tardios e nas primeiras edições impressas em línguas vernáculas sugere que os leitores desta obra passaram a favorecer o seu conteúdo prático e “científico”, em detrimento da interpretação religiosa do seu material. Na Inglaterra, este título foi muito popular entre os escritores do final da Idade Média e do início da modernidade e encarada como fonte de conhecimento tradicional sobre o mundo natural, sendo ainda, para muitos estudiosos modernos, a "enciclopédia de Shakespeare" [3] .