(1822-1823)
Impresso em Guimarães, na Tipografia Vieirense, rua Escura (hoje Gravador Molarinho). Tem o formato 320x220mm. Nenhuma biblioteca do País possui a colecção completa deste jornal. Na Sociedade Martins Sarmento há somente os números 3 e 4 do primeiro ano, respectivamente de 25 e 30 de Outubro de 1822 e os números 11, 12 e 16 do segundo ano, de 22 de Março, 4 de Abril e 7 de Maio de 1823. Estes 5 números representam uma extrema raridade. O jornal, aparecendo em Outubro de 1822 com o juramento da Constituição, parece haver terminado em meados do ano seguinte logo após a Vilafrancada. O jornal saía todas as semanas, mas sem dia marcado para a publicação. Entre Outubro de 1822 e Maio de 1823 é provável que saíssem 12 ou 13 números no primeiro ano e 18 ou 19 no segundo, não indo além de 30 ou 32 a sua colecção (1).
Sobre o Azemel Vimaranense, diz o Abade de Tagilde em nota ao seu artigo «Apontamentos para a História de Guimarães», na Revista de Guimarães, vol. V, pág. 44: «Este periódico de combate liberal foi fundado em Guimarães em 1823 (todos cometeram o erro da data inicial), sendo seus fundadores o egresso Jerónimo Rodrigo, Joaquim de Meneses e os srs. José de Sousa Bandeira (sogro do Dr. Avelino), Manuel Luís Pereira Pinheiro de Gouveia (avô do mesmo e de sua esposa), e José Joaquim Vieira (pai dos srs. Barão de Paçô e Dr. Luís Vieira), que era dono da tipografia. Nenhum dos fundadores deste jornal escapou às investigações da Alçada» (2).
(1) «Revista de Guimarães», vol. XXXII, pág. 409, artigo de A. Tibúrcio de Vasconcelos.
-«O Jornalismo Português», volume publicado em 1895 por A. X. da Silva Pereira, também menciona o Azemel, dizendo ser um semanário noticioso e de política liberal, mas atribuindo-lhe, como Padre Caldas, a data errada de 1823.
-N’A Bruxa do Monte Córdova, de Camilo, a pág. 46, topa-se uma passagem isolada e curiosa: «Ao mesmo tempo, como a filha de Francisco da Teresa se queixasse do atrevimento do frade fidalgo, alvoroçaram-se os ânimos do boticário, do escrivão das sisas e do mestre-escola,.O boticário principalmente, que era liberal e já tinha escrito correspondências para o Azemel de Guimarães, invectivou contra a desmoralização dos frades...».
(2) O mais perseguido e que duramente sofreu, foi Sousa Bandeira, o famigerado «Barbeiro dos Pobres» do Porto, redactor depois do Artilheiro e do Braz Tisana, como se prova pelo que vai nesta nota:
- «Outro jornalista de valor que na mesma época sofreu perseguições, por causa das suas ideias politicas, foi José de Sousa Bandeira. Era ele escrivão em Guimarães, onde publicava O Azemel Vimaranense. Por ordem da Alçada, que em 1828 veio ao Porto para julgar os implicados da revolta de 16 de Maio, Sousa Bandeira foi preso e trazido para as cadeias da Relação. Instauraram-lhe o processo, e os juízes, vistos os autos…, condenaram-no à morte. Mas, por um capricho da sorte, a sentença foi revogada. Fez-se novo julgamento, findo o qual levaram o réu para o oratório. Sousa Bandeira sabia perfeitamente que dali saía-se para a forca... Ao fim de quatro horas angustiosas, disseram-lhe, porém, que tinha sido condenado a assistir às execuções de dois companheiros de cárcere, e ser degredado perpetuamente para a África. Cumprida a primeira parte da pena, e removido em seguida para Lisboa, recuperou a liberdade em 24 de Julho de 1833, quando o Duque da Terceira entrou na Capital. » («Boletim Cultural da Câmara M. do Porto», vol. II, fasc. III, artigo de A. de Magalhães Basto, pág. 300).