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Descrição
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O prof. Dr. Miller Guerra, na palestra-colóquio que realizou no «Convívio», reconheceu à nossa terra, pelo seu indiscutível potencial económico e industrial, o direito à criação duma Universidade Tecnológica ou Instituto Politécnico.Estes estabelecimentos têm de ser criados nos meios onde, efetivamente, se justifiquem. Quer dizer: onde a Indústria se evidencie em potencial, em capacidade e desenvolvimento. São necessários técnicos capazes, à altura de responsabilidades que, se já são grandes, maiores serão no futuro. E a Técnica, sem técnicos, não progride. Estaciona. Arrasta o atraso económico e o baixo nível de vida. O progresso e o poder económico estão numa técnica em vanguarda, orientada por superiores princípios de cultura. Guimarães aspira e tem direito à Universidade ou Instituto. O prof. Miller Guerra afirmou: «Para haver modificações de relevo no nosso ensino superior, é necessário instaurar novas universidades nas quais se possam introduzir as disciplinas e os métodos modernos, assim como um corpo docente composto por jovens de talento com ideias novas. As universidades a instituir não devem ser ramificações ou tentáculos das universidades existentes, quer se instalem nos mesmos centros urbanos, quer em outros quaisquer, mais ou menos distantes. O nosso território é muito pequeno para que a libertação das tutelas se possa fazer com êxito.O projeto da reforma do ensino superior não fala sequer em novas universidades; fala em Institutos Politécnicos e outros estabelecimentos de ensino superior. Poderá esperar-se, como parece ser intenção do projeto, que os Institutos Politécnicos, diferenciando-se e subindo de nível, acabem por se incorporar nas universidades? Assim se quebrariam as resistências opostas ao alargamento do âmbito do ensino universitário.Salvo melhor opinião, a ideia figura-se-nos otimista. Efetivamente, os Institutos Politécnicos, pelo menos em boa parte, vão ser instalados nas cidades de província, atraindo certamente poucos professores qualificados. Ora, é justamente o corpo docente primordial que deve possuir um alto nível científico e pedagógico, porque depende dele o futuro dos Institutos. Os professores têm de ser pessoas de competência provada, para logo de começo prestigiarem as disciplinas que cultivarem, assim como a Instituição.A não ser que os Institutos gozem de grande proteção do estado e das entidades locais, depressa cairão no plano de escolas técnicas. As universidades talvez valorizem pouco os bacharéis oriundos dos Institutos Politécnicos, porque a via normal de ingresso no ensino universitário continuará a ser o liceu clássico. Para contrariar a propensão que temos para as separações e estratificações, era preciso que as novas universidades tivessem nível superior às atuais, e não o contrário, como vai suceder com os Institutos Politécnicos. Às instituições e aos homens é mais fácil descer do que subir, pelo menos entre nós. Os Institutos Politécnicos, mau grado as intenções com que são criados, em lugar de serem um caminho, podem vir a formar uma barreira, vedando o acesso à universidade a numerosos alunos».”
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Abrangência espacial
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Guimarães
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É parte de
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O Comércio de Guimarães