Universidade do Minho.

Descrição
O Ministro da Educação Nacional teve caloroso acolhimento em Braga e Guimarães. O Prof. Dr. Veiga Simão, ilustre Ministro da Educação Nacional, deslocou-se a Braga e Guimarães para dar posse ao reitor e à comissão instaladora da Universidade do Minho, cumprindo-se nos dias 17 e 18 do corrente o programa que publicamos na última semana.A Universidade do Minho, que se fica a dever a Veiga Simão, um Ministro extraordinário que tanto e tão generosamente tem trabalhado para a reforma do ensino no nosso país, já com uma obra de grandes dimensões, constitui acontecimento verdadeiramente histórico. (…) O Minho está grato ao Governo e ao Ministro da Educação Nacional. Guimarães manifesta, de maneira especial, sincero reconhecimento pela sua elevação a «cidade universitária». A receção em Braga foi deslumbrante e entusiástica. A cidade esteve à altura dos seus pergaminhos. No limite do distrito, o sr. Dr. Ascensão Azevedo, governador civil, acompanhado de várias individualidades, recebeu o sr. Ministro da Educação Nacional. Aquele membro do Governo era acompanhado, entre outros, pelo secretário de Estado da Instrução e Cultura, sr. Dr. Augusto Ataíde; diretor geral do Ensino Superior, sr. Prof. Dr. Alberto Ralha; presidente do Instituto de Alta Cultura, sr. Prof. Dr. Vítor crespo; e subdiretor-geral do Ensino Superior, sr. Dr. Pedro Amaro. A aguardá-lo, o presidente da Câmara Municipal de Braga, vereadores, comandantes militar e do Regimento de Infantaria 8, e do 4.º Batalhão da G.N.R. do Porto, de Braga e da P.S.P.; presidentes das câmaras do distrito; reitores e professores de todas as universidades, diretores de estabelecimentos de ensino, etc. O Prof. Veiga Simão dirigiu-se para a Catedral, onde foi cantado, sob a presidência do arcebispo Primaz, solene «Te-Deum». Presentes, além das autoridades civis, militares e universitárias, os bispos do Porto e o auxiliar; bispo de Lamego; comandante da Região Militar do Porto; e governador civil do distrito de Viana do Castelo. Na altura própria, o sr. D. Francisco Maria da Silva proferiu uma oração.Ato de posse. Terminada a cerimónia religiosa, o prof. Veiga Simão dirigiu-se para a Biblioteca Pública, onde, no seu salão medieval, decorreu o ato de posse da Comissão Instaladora da Universidade e do reitor, sr. Prof. Carlos Alberto Lloyd Braga. Ficou assim constituída: presidente, dr. Carlos Alberto Lloyd Braga, reitor da Universidade do Minho e vogais, dr. Joaquim José Barbosa Romero, professor catedrático da Universidade de Lourenço Marques; dr. Joaquim Germano Pinto Machado Correia da Silva, professor extraordinário da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto; dr. Diogo Pinto de Freitas do Amaral, professor auxiliar além do quadro da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa; dr. Lúcio Craveiro da Silva, diretor da Faculdade de Filosofia de Braga da Universidade Católica; eng.º António Eduardo Carneiro, presidente da Comissão de Planeamento da Região Norte e administrador da Universidade, e dr. Duarte Nuno Vale de Vasconcelos. A abrir a sessão, usou da palavra o sr. Dr. Ascensão Azevedo. O ato de posse do reitor prof. Lloyd Braga e dos membros da Comissão Instaladora, realizou-se a seguir.O discurso do Ministro. O prof. Dr. Veiga Simão fez um notável discurso. Começou por fazer a apologia do reitor e professores que compunham a Comissão Instaladora da Universidade. Valendo-se de alguns factos históricos, o ministro lembrou a evolução do Ensino na província, citando, concretamente, o Instituto de Filosofia Beato Miguel de Carvalho, o Instituto Superior de Filosofia, a Faculdade Pontifícia, em Braga, e o Colégio do Convento da Costa, em Guimarães. Afirmou a propósito: «Honra a todos os que desde esses tempos têm lutado e mantido vivos sonhos de educação e cultura nestas terras portuguesas do Norte, as de primazia no nascer da nacionalidade e de vigor no plantio da doutrina cristã». «A zona Braga-Guimarães é caracterizada por um elevado potencial demográfico, uma densa rede de comunicações com grandes fluxos de atividade, um forte enquadramento económico e tecnológico, ávido de técnicos qualificados no mundo do trabalho. Eis porque era evidente a criação da Universidade no Minho, a qual, sem prejuízo de um futuro «campus universitário», a localizar com dados objetivos onde se centralizem essencialmente estudos pós-bacharelato, deve iniciar o seu funcionamento com departamentos de artes, letras, economia, ciências puras em Braga, e departamentos de ciências aplicadas e de tecnologia em Guimarães, sem esquecer a possibilidade de estudos da construção naval em Viana do Castelo. As ciências médicas terão de ser organizadas de harmonia com a planificação do sistema nacional de saúde». E a terminar: «Todas as universidades e escolas superiores criadas deverão abrir obrigatoriamente as suas portas em Outubro de 1975, sem prejuízos de se iniciarem em Outubro de 1974 alguns cursos pós-graduados de formação de professores nas universidades e de algumas escolas normais superiores poderem já receber alunos. As atividades no próximo ano letivo dependerão do grau de iniciativa e capacidade de realização das comissões instaladoras». O novo reitor também proferiu um discurso. À noite houve receção.Em Guimarães. Depois da entrega da medalha de ouro na Câmara Municipal de Braga, na segunda-feira de manhã, o prof. Dr. Veiga Simão dirigiu-se para esta cidade, onde chegou por volta das 16,30 horas. Acompanhado de toda a sua comitiva, do governador civil de Braga, presidente da Câmara Municipal, dos deputados eng.º Duarte do Amaral e António Alberto de Meireles Campos, o titular da pasta da Educação Nacional foi saudado no Largo Martins Sarmento por uma formação dos bombeiros voluntários, após o que se dirigiu, entre aclamações populares, para os Paços do Concelho. Seguiu-se uma sessão solene no salão nobre, a que presidiu o ministro. Usou da palavra, em primeiro lugar, o presidente da Câmara Municipal de Guimarães, que disse que o colégio do mosteiro da Marinha da Costa merecera do Papa, em 1539, o privilégio de conferir graus em Artes, com o mesmo grau dos conferidos na Universidade de Coimbra, em que seria incorporado em 1543. O presidente do Município vimaranense entregou o diploma de cidadão honorário e a medalha de ouro da cidade ao ministro Veiga Simão, ato que foi saudado com calorosos aplausos.Seguiu-se no uso da palavra o ministro que, no seu improviso, afirmou: «A Universidade do Minho terá dois polos fundamentais naturais – Braga e Guimarães. E, honrando o passado desta terra, aqueles que aqui lutaram e lutam pelo seu progresso e pelo progresso do País, tenho a certeza que, muito em breve, aqui teremos bacharéis e licenciados pela Universidade do Minho inteiramente formados em Guimarães». Mais tarde, o prof. Veiga Simão e comitiva, bem como as autoridades locais e distritais, visitaram o Palácio de Vila Flor e uma casa da Quinta do Salgueiral, que eventualmente poderão servir para ali serem instalados serviços da Universidade do Minho. O ministro jantou, depois, no Paço dos Duques de Bragança.”
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Guimarães
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