-
Descrição
-
Publicaram os diários do dia 20 um telegrama enviado ao Conselho da Revolução pela «Associação Dinamizadora dos Interesses do Minho, Núcleos de Braga e de Viana do Castelo», em que se acusa o Eng.º António Brotas, secretário de Estado do Ensino Superior, de «manobras de gabinete» e se confessa chocada «perante flagrante violação dos elementares princípios democráticos, por ter afirmado não haver necessidade alguma de ouvir elementos responsáveis e representativos da população minhota, demonstrando assim puro estilo autocrático». Pede-se, por isso, a imediata intervenção do Conselho da Revolução, no sentido de se impedir a transferência dos cursos tecnológicos da Universidade do Minho, onde já funcionam, e responsabiliza-se aquele membro do Governo por essa «infeliz decisão», que considera «um erro histórico», sugerindo que o problema seja deferido, na sua resolução final, para o próximo Governo definitivo! (de «O Primeiro de Janeiro», do dia 20)Este caricato telegrama não passa de um chorrilho de dislates, que não é mais do que um compêndio de asneiras, do que uma demonstração de senso e de equidade. Denuncia esse telegrama o seguinte caso, quando diz: «… no sentido de se impedir a transferência dos cursos tecnológicos da Universidade do Minho onde já funcionam»! Ora, pergunta-se:Quem foi que, desobedecendo à Lei, pôs a funcionar na Universidade de Braga os cursos tecnológicos que faziam parte da Universidade do Minho e se destinavam a Guimarães, segundo o decreto primitivo do Dr. Veiga Simão e sancionado depois pelo atual Ministro da Educação e Investigação Científica, e por duas vezes aprovado em Conselho de Ministros? Quem foi, portanto, que se tornou réu de desobediência e gastou, talvez, dinheiro pertencente ao Estado e destinado à instalação desses cursos em Guimarães?Esta cidade deve exigir um inquérito para se esclarecer esse caso e, se houve abuso, em vista do ensino referido estar indicado para Guimarães, não podendo, por isso, fosse a pretexto do que fosse, ser criado em Braga e lá posto a funcionar. Tem este caso de ser levado, igualmente, ao Conselho da Revolução, dando-lhe, assim, conhecimento desta flagrante falta de cumprimento de determinações do Governo, que não louva nem prestigia a sua autoridade e decisão. (…)Ao findar esse telegrama, afirma-se que a transferência dos cursos «é um erro histórico» (!), que deixa embasbacada toda a gente pela impertinência e descoco de tal afirmação! O maior «erro histórico», esse sim, foi terem incluído no distrito de Braga a região vimaranense e sujeitar a cidade de Guimarães ao seu domínio. Esse «erro» contribuiu para atrofiar não só a sua vida urbana, como obstou que o seu desenvolvimento se fizesse conforme as suas necessidades e aspirações. A cidade de Guimarães só tem um caminho a seguir: solicitar a aprovação imediata da nova divisão administrativa do país e integrada na área do Grande Porto, viver, finalmente, livre da tirania da sede do distrito. É que depois, por maior necessidade que o berço da nacionalidade tenha de se expandir e desenvolver, isso nunca afrontará a Invicta Cidade…Após isso, transformem a Universidade do Minho em Universidade de Braga, se assim o entenderem, mas o trabalho fabril da região de Guimarães e do Vale do Ave terá o ensino técnico que precisa e lhe foi destinado. Fiquem, porém, certos os autores do telegrama e seus asseclas, de que Guimarães não cede um centímetro das suas aspirações e dos seus direitos, que lhes são reconhecidos e sempre lhes serão devidos pelo valor que possui. A. F.”
-
Abrangência espacial
-
Guimarães
-
É parte de
-
O Comércio de Guimarães