O dia da Universidade.

Descrição
Uma visita ao Palácio de Vila Flor. Visitamos no passado dia 17 – Dia da Universidade – os Cursos de Engenharia do Polo de Guimarães, da Universidade do Minho, instalados no Palácio de Vila Flor, e trouxemos dessa visita as melhores impressões, como a confiança no seu futuro, dado que o seu interesse vai crescendo com o aumento dos seus alunos. Presentemente, o seu número é de 77, apesar de nem todos os meios de ensino estarem devidamente instalados e parte ainda do amplo edifício não estar ocupado, conquanto a sua necessidade seja, como nos foi demonstrado, evidente.O equipamento que possui é o melhor e o mais moderno, mas requer acomodações espaçosas e adequadas que obrigará à construção das suas instalações definitivas antes mesmo da altura de que estariam previstas. Para instalar uma fiação de algodão, foi preciso recorrer ao aluguer do rés-do-chão de um prédio situado perto do local e outras máquinas indispensáveis que se aguardam exigem mais acomodações.Este aumento dos meios didáticos reflete-se, naturalmente, no crescimento do número de alunos, pelo que se prevê a necessidade de enfrentar com decisão os problemas que por esse motivo podem surgir. Escolhido o local para a instalação definitiva dos Cursos de Engenharia deste Polo Universitário de Guimarães, como recentemente a Imprensa se referiu, depende da construção dessas instalações, o alojamento perfeito e devido dos meios de ensino que a importância dos variados cursos reclama. Percorremos com o maior interesse as salas de aulas, biblioteca, laboratórios e oficinas, e mais se nos arraigou a convicção de que é nestes cursos de engenharia que reside o futuro de toda a indústria, tanto a regional como a de todo o Norte do país. É daqui que sairá aquele grau de tecnicidade que proporcionará a todos os ramos fabris o desenvolvimento, o apuro e a perfeição que levará os produtos ao mesmo nível dos demais países europeus.Foi neste sentido que pugnamos desde a primeira hora pela criação em Guimarães de um ensino superior técnico, cuja falta se fazia sentir desde quando à indústria local se abriram as portas da exportação. As dificuldades que os seus produtos começaram a sentir ao enfrentarem uma concorrência melhor apetrechada e tecnicamente melhor servida colocavam a indústria nacional numa situação de inferioridade prejudicial à sua existência e às suas ambições. Compreendeu isso o Prof. Doutor Veiga Simão, então ministro da Educação Nacional, compreenderam os governos seguintes que este ensino técnico universitário estava justamente criado no lugar próprio, na terra própria, em que a sua importante industrialização, nascida de um esforço denodado e de uma iniciativa fecunda, se desenvolveu e expandiu graças a essas qualidades singulares e remotas.Admiramos os laboratórios de Metalurgia, em que tivemos ocasião de verificar, através do microscópio Reichert Metavar, a qualidade de uma amostra de aço em exame. Por este meio, se verificam os aços e se determina qual a tempera que a cada um deve ser empregada, exame de suma importância para a indústria de utensílios de corte, como cutelarias e ferramentas. A seguir, visitamos o Laboratório de Ensaios de Materiais a que têm acorrido diversas organizações industriais concelhias, o Laboratório de Física Têxtil, o Laboratório de Química Têxtil, Laboratório de Eletrónica, oficinas de tecelagem e malhas e a Oficina de Formação de Engenharia Metalo-mecânica, com diversa maquinaria, a cujos trabalhos a indústria local igualmente acorre. Não deixamos de visitar também o anfiteatro recentemente construído. Além disso, há mais três laboratórios para instalar, assim como um maior computador. Mais dois cursos serão criados, o que fará afluir no próximo ano mais alunos, o que dará motivo a problemas de espaço e de instalação.Tomamos, igualmente, conhecimento das esplêndidas relações existentes entre a indústria local e o Polo Universitário, que deram já origem ao oferecimento gracioso, por parte de algumas empresas fabris, de maquinismo, como: uma fiação de algodão e de teares de tecido e de malhas, elementares ao ensino dos ramos têxteis. Estas ofertas firmam uma compreensão mútua de maior interesse, cujas consequências são da maior importância para ambas as partes.Não podemos deixar de agradecer a gentileza das facilidades concedidas à nossa visita e às possibilidades das fotografias que reproduzimos. Guimarães pode orgulhar-se de ser uma cidade universitária ao possuir um estabelecimento de ensino superior dotado do melhor e mais moderno existente no país, como tiveram ocasião de nos informar. A formação tecnológica que este Polo Universitário de Guimarães originará vai ser o elemento mais decisivo do desenvolvimento industrial português e a sua localização corresponde às necessidades de uma região onde o nível fabril é dos mais elevados e onde a carência de um ensino técnico se fazia sentir, não obstante os seus produtos ocuparem o primeiro lugar das exportações nacionais. A. F.”
Abrangência espacial
Guimarães
É parte de
O Comércio de Guimarães