Sepulturas (Foto XVIII e XIX)

Descrição

Apareceram 18 no tabuleiro, onde antigamente existiu a capela de S. Romão, duas dentro do recinto dela, e uma terceira, dois terços dentro deste recinto e um terço por debaixo da parede das costas da capela, e tomando parte do local, onde devia ter existido o altar. Estas duas circunstâncias provam que as sepulturas nada tinham a ver com “esta” capela. O facto de se encontrarem dentro delas os mesmos objectos que se encontram em qualquer desentulho - carvões, cacos, fragmentos de objectos de cobre, etc., prova também que as campas foram cheias com terra dos destroços da povoação. Algumas pedras das tampas são fragmentos de soleiras; a cabeceira de uma das sepulturas está calçada com o pé de uma mó, igual à da fig. 1, no n.º 2, fot. IX. Umas sepulturas estão atravessadas por cima de alicerces de paredes antigas; outras vezes, às avessas, as paredes, como a da capela velha, e uma outra ao pé desta, atravessam por cima das sepulturas. A pedra n.º 2, fot. XIX, que parece ser uma cruz, ou melhor um esboço de crucifixo, traz-nos aos tempos do cristianismo, bem como a forma mesma das sepulturas. Bem que modernas relativamente à Citânia, devem ser antiquíssimas. As três da fot., e mais duas que lhes ficam à direita estavam construídas sobre uma espécie de praça ladrilhada, que me parece ser da primitiva povoação. Toda esta praça estava atulhada de terra na altura 4, 5 palmos, e foi de certo neste terreno que se fizeram os enterramentos, sem se suspeitar que por baixo houvesse ladrilho. As sepulturas fora deste local não têm ladrilho. Estão às vezes aos grupos, em que uma grande, de oito a nove palmos, tem à direita uma ou duas pequenas, de 5, 4 palmos, Há uma pequena e isolada, que não mede mais de 3 ½ palmos. Nas pequenas via-se que houve dentro um esqueleto por uma espécie de farelo ósseo misturado com a terra. Em duas das grandes apareceram dois crânios, num estado de podridão que não consentiam tocar-se-lhes, Um deles foi guardado mais depressa do que devia ser, para evitar a sorte do companheiro que foi posto em astilhas por alguns dos selvagens visitantes da Citânia. Dos outros ossos nada se pode aproveitar, a não ser duas rótulas em mau estado. Todas as sepulturas têm os pés para o nascente.

Por baixo da pedra n.º 2, fot. XIX, apareceu um objecto de ouro do diâmetro e espessura de três vinténs em prata, que podia ser brinco, ou pequena medalha de trazer ao pescoço; falta na orla a parte que melhor podia esclarecer a sua serventia.

XIX

N.º 1. Esta inscrição encontrou-se perto da do de Sto Estêvão, Não há razões para crer que pertencesse à Citânia; mas não é impossível que fosse trazida de lá pelo mesmo abade que trouxe a “Pedra Formosa”, mormente vendo-se pelas sepulturas que na Citânia houve habitantes em tempos muito distantes uns dos outros.

O distinto arqueólogo, a que já atrás me referi, entende que os caracteres desta inscrição não permitem recuá-la além do século XVI. Parece porém que neste caso quem quer a decifraria - o que não sucede.