Altar de Semelhe

Descrição
Elemento maciço em granito, em forma de coluna, com base e capitel decorados com um friso simples. Foi recolhido perto da capela do Senhor do Lírio, em Semelhe, Braga, por Albano Belino, em 1896. Legado à SMS, em 1907.
Monumento epigráfico dedicado ao imperador César Augusto, pelos cidadãos de Bracara Augusta (Braga), entre os anos 3 e 2 antes de Cristo. Pode ser interpretado com duas funções possíveis: um altar dedicado ao culto imperial, com um foculus na parte superior, cavidade utilizada em celebrações litúrgicas; um pedestal de granito destinado a suportar uma estátua metálica, cuja base encaixaria na cavidade superior da peça. A altura deste elemento em pedra e a configuração da cavidade superior sugerem a segunda hipótese como mais provável.
O Altar de Semelhe pode ter sido, assim, o pedestal de uma estátua do imperador Augusto, como seria habitual em monumentos ao culto imperial. A inscrição latina, localizada na superfície lisa do fuste da peça, diz que o monumento foi levantado pelos Bracaraugustanos, na que é a primeira referência epigráfica a esta comunidade. O facto de o monumento ter sido feito no dia de aniversário de Paulo Fábio Máximo (falecido no ano 14) sugere a presença desta figura histórica em Bracara, na altura da inauguração do monumento. A datação proposta para esta peça coincide, assim, com o mandato de Fábio Máximo como propretor da Hispânia Tarraconense.
Transcrição da epígrafe:

IMPERATORI CAESARI DIVI FILIO AUGUSTO
PONTIFICI MAXIMO TRIBUNITIA POTESTATE XXI
SACRUM
BRACARAUGUSTANI
PAULLI FABII MAXSIMI LEGATI PROPRAETORIS
NATALI DEDICATA EST

"Ao Imperador César Augusto, filho do Divino, Pontífice Máximo, do Poder Tribunício 21 vezes, os Bracaraugustanos consagraram este monumento, no dia de nascimento de Paulo Fábio Máximo, Legado Propretor."
É parte de
Epigrafia
Formato
Dimensões: da lápide: 1,18x0,90x0,82.
Altura das letras: 0,05 e 0,04.
Abrangência espacial
Freguesia de Semelhe, Braga.
Encontra-se atualmente exposta no Museu Arqueológico da SMS.
Identificador
83
Referências
Revista de Guimarães, XVIII, p. 72 e XXIV, p. 80.7.ª; Albano Belino, Novas Inscr. Rom. de Braga, Braga, 1896, p. 5; Ephemeris Epigraphica, VIII, p. 504, n.º 280.; Cf. com a lápide lucense, também alusiva ao Legado da Galécia e Astúrias, Paulius Fabius Maximus (Corpus Inscriptionum Latinarum, II, n.º 2581)
É referenciado por
Catálogo do Museu Arqueológico