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Descrição
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Elementos de um conjunto de pedras de utilização doméstica. Sob o número 109 do catálogo do Museu estão incluídos os seguintes exemplares, todos provenientes da Citânia de Briteiros: Nove pequenas pedras com perfuração numa das extremidades, as quais, cravadas na face exterior das paredes das habitações castrejas, desempenhavam a mesma função das actuais argolas de ferro para prender animais; por isso estas pedras são designadas «prisões de gado» (vide Portugália, Porto — II, p. 78; O Archeologo Português, XI, p. 353). Como tais pedras aparecem, por vezes, aos pares, querem alguns investigadores que tivessem sido cravadas nas paredes, e pouco afastadas uma da outra, de modo a que nos dois olhais em correspondência, e na posição horizontal, passasse uma vara, que serviria para pendurar quaisquer objectos ou prender mais do que um animal ao mesmo tempo. Ou então, na disposição vertical, poderiam esses dois olhais servir para o giro dos coucilhos, superior e inferior, de portas ou cancelas. Algumas destas «prisões de gado», muito frequentes em diversos castros, são ornamentadas. | Além das prisões, apareceram também na Citânia certas pedras, mais ou menos encurvadas, por vezes semelhantes a hastes de touros, as quais cravadas igualmente nas paredes das casas, com a ponta para cima, funcionariam a modo de grosseiros cabides. Encontram-se no Museu três exemplares completos e seis fragmentos, e ainda mais dois, de tipo diverso do mencionado, pois um afecta a forma de palmatória que, encaixada na parede, funcionaria de prateleira, e outro, cilíndrico, tem no topo que ficava saliente da parede inseulpida uma estrela de oito raios. | O presente número do Catálogo inclui ainda, como produto das explorações de Martins Sarmento na Citânia de Briteiros, duas pedras de mó manual; três fragmentos de caleira; cinco fragmentos de pedras com um ornato irregular, inteiramente semelhante ao que ostenta o exemplar n.º 3; uma pequena pedra com um ornato, também irregular e assimétrico, semelhante ao gravado num exemplar da série mencionada sob o n.º 107. Por último, faz também parte deste agrupamento uma pedra muito curiosa, de aplicação desconhecida, com as dimensões de 1 x 0,70 x 0,13 m encontrada na Citânia, nas escavações realizadas durante a campanha de 1950, que apresenta um pequeno canal, cavado em toda a volta das extremidades, o qual vai desaguar num dos lados através de uma caleira ou bica de saída, talvez para permitir o escoante de qualquer líquido. Tratar-se-ia de uma espécie de tabuleiro, onde fossem esmagados e espremidos quaisquer frutos (azeitonas? uvas?), ou seria alguma tábula ou sacra mensa para sacrifícios ou libações, semelhante às que, o Prof. Leite de Vasconcelos, citou nas Religiões da Lusitânia, de J. L. Vasconcelos, III, 616-617, a propósito da interpretação do uso da «Pedra Formosa».
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É parte de
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Escultura
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Abrangência espacial
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Citânia de Briteiros.
Encontra-se atualmente exposta no claustro do Museu Arqueológico da SMS.
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Identificador
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109
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Referências
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Revista de Guimarães, XXI, p. 7, 56 e 101; XXII, p. 10, 13, 22 e 25; XXIV, p. 62; LX, p. 523, 524; Religiões da Lusitânia, de J. L. Vasconcelos, III, 616 - 617; Manuscritos inéditos de M. Sarmento, cad. 40. p. 97; Revista de Guimarães, LXIII, 676 - 678.